sexta-feira, 2 de setembro de 2016

VIADA E MORTE DE MÃOS DADAS

VIDA E MORTE DE MÃOS DADAS (9)

"Mientras dormia", após ter comemorado o meu aniversario de 200 anos de idade, sentindo ainda jovem, morri com dignidade, em uma cama de um CENTRO DE IDOSO do Mindelo, a minha cidade de utopia, dia acordado com o pai todo poderoso, de modo a permitir aos meus familiares residentes e na diáspora assistirem a minha desencarnação, e a me acompanhar à minha MORADA CERTA, via quartel da PRM, em Alto de Morabeza, pra uma cerimónia de praxis, reservada aos oficiais militares de QP, passando por Madeiralzinho, pra uma paragem relâmpago em frente a casa onde passei os meus primeiros anos de vida terrena, até ser deportado pra Boa Vista, por delito comum de solteiriço irresponsável.   

Era pra ser cremado, as minhas cinzas lançadas nos mares de S.Vicente, S.Nicolau, Boa Vista e Sal, por falta de legislação, fui sepultado na CAVE número 384, onde se encontra os restos mortais de mãe – MNS, sito na rua 27 esquerdo de “CPT” / 1888, com direito a honras militares, por ser Soldado de segunda geração dos combatentes de Liberdade da Pátria, ou combatentes de Independência, Liberdade e Justiça. A leitura de (AUTO)BIOGRAFIA DO SALDADO-CIDADAO, por mim escrita, feita por um capitão infante, deixou a comitiva de sociedade civil, política e militar em lágrimas. Palmas prolongadas e gritos de choro inconsolado, ao som dos disparos em rajadas alternadas de metralhadora Kalashnikov AK-47, me arrepiava de emoção, ao ponto de querer desistir de viagem, e ficar pra sempre com a gente boa (NATELIZA-SDT, FAMILIRES, ALFAMARIAS, AMIGAS E AMIGOS)! Antes de descer ao abrigo de eternidade, NATELIZA-SDT recebeu a Bandeira Nacional, o Chapéu de gala,e as insígnias (objectos pessoais), pra recordação do capitão de areia/salina/lajinha.

A minha passagem e as cerimónias fúnebres foram retratadas e filmadas por mim, com a minha Canon, juntinho comigo a sete palmos, como recordação e reconhecimento do meu tributo neste mundo escola. Durante dias, tempo permitido como manda a tradição para o ritmo de morte, a minha alma permaneceu no espaço terreno, a vigiar e a registar todos os movimentos de solidariedade, pra ter a certeza do quanto fui querido e respeitado.

O reencontro com os meus camaradas de armas, que tinham partido há séculos, foi maravilhoso. Muita festa e convívio, com curiosidade em saber dos festivais, aos sábados, de Rua de Lisboa, e se a viagem tinha “kurrid dret” e como tinha deixado a Terra. Assim na Terra como no Céu!

Ao lerem esse Testemunho de Passamento, muitos vão rir, enquanto outros, vão achar que estava louco. Que me perdoa! Era pra ser em versos, contrapondo a outros poemas sobre a minha morte, mas por congeminação viral de “La vida y la muerte de Marcelino Iturriaga” de Javier MARIAS em “Mientras ellas duermen”, acabei escrevinhando neste estilo mitigado de candidato a presidente a algum cargo no além!

Um abração, bem mindelense, aos meus sempre queridos, que permanecerão por muitos anos nesse mundo-escola. Podem contar comigo, pra um favorzinho junto das Forças Superior, no Mundo Astral!

Txan de Marinha, 15/10/2015

Capitão Olisanto Nateliza