domingo, 23 de setembro de 2018

As viagens do nosso desconforto (Germano Almeida)


Artigo: As viagens do nosso desconforto
(Germano Almeida
16 Setembro 2018 — 06:22)
Os cabo-verdianos, particularmente os que viajam São Vicente-Lisboa, acabaram ficando gravemente penalizados com a concessão em exclusividade dessa carreira aérea à TAP. Essa companhia começou a entrar no país com pezinhos de lã, aliciando-nos com passagens quase ao custo da chuva. Porém, mal se viu única senhora dos nossos céus, não só carregou nos preços de forma indecente, como também inventou diversos outros métodos de descaradamente meter a mão nos bolsos dos seus passageiros, primeiro, através da venda de seats, que alega que são assentos de espaço mais alargado, mas que na realidade são comuns e iguais a qualquer outro que poderia ocupar-se sem acréscimo de qualquer pagamento; segundo, cortando na refeição a bordo. Dou dois exemplos: paguei a mais à volta de 120 euros para ter o direito de ocupar uma cadeira onde pudesse estender as pernas numa viagem São Vicente-Lisboa-Rio de Janeiro. Embolsaram a quantia e atribuíram-me um lugar exatissimamente igual a qualquer outro.
Essa viagem aconteceu no dia 3 de setembro passado. Com partida às 12.30, é óbvio que o passageiro vai a contar com almoço. Porém, é surpreendido pelo comissário anunciando que será servida uma refeição ligeira, ainda que seja verdade que enquanto ele fala um suave e agradável odor a comida quente atravessa o avião. No entanto, o que nos é oferecido a seguir é uma minissanduíche, um minipão barrado de uma pasta que até ao último pedaço não consegui identificar o que estava a comer. Mas era tão ínfima a sandes, que na minha terra se diria insuficiente para tapar um dente furado. Francamente escandalizado, perguntei à hospedeira, Mas é isso que servem como refeição, mesmo dito ligeira? Visivelmente incomodada, ela tartamudeou uma explicação que o barulho não me deixou ouvir. Já tinha comido a sandes, mas continuava com fome. Posso pedir outra?, perguntei ao comissário. Com certeza, respondeu apressado e partiu disparado. Pensei que em busca da sandes, mas desesperei na espera. Aí talvez uma hora passada, ele apareceu a perguntar-me se queria uma sandes ou duas. Já não queria nenhuma.
Acreditando que essa frugalidade no servir era uma geral política da TAP, na viagem Lisboa-Brasil preveni-me com um lauto jantar antes do embarque. Erro meu! Foram servidas duas refeições, ambas fartas. Pelo que conclui que a dieta de minissandes é exclusiva para os cabo-verdianos que, pelo menos a partir de São Vicente, estão condenados a viajar na TAP por falta de alternativa.
Não me conformo, e digo a mim mesmo que alguma autoridade, seja cabo-verdiana seja portuguesa, devia ter o poder de nos livrar dessa situação humilhante, mas lembro-me a seguir de que é o partido que está no poder em Cabo Verde que nos entregou às duas companhias aéreas, ambas estrangeiras, que, uma domesticamente, outra internacionalmente, estão a tratar-nos como se fôssemos coisas. E é tanto mais ironicamente doloroso, quando nos lembramos que o MpD nasceu exatamente a combater o regime de partido único, aliás com um slogan apelativo: em 1975 votamos num único partido, mas não no partido único!
Pois bem, é esse mesmo partido que não hesitou em deixar morrer a companhia nacional para nos entregar às mãos de duas empresas estrangeiras, negociando essas concessões em moldes tão obscuros e secretos que já há muito quem duvide se existiu de facto alguma negociação ou contrato.
O que mais apetece é desafiar os cabo-verdianos a boicotar as carreiras da TAP e da BINTER. Porém, e infelizmente, são as únicas vias de se sair das ilhas. E foi o nosso governo que nos colocou nessa situação de dependência, reféns de duas companhias cujo único escopo parece ser amealhar o maior lucro a qualquer preço. E é inaceitável que os poderes públicos não disponham de meios para controlar de forma eficaz esses dois monopólios que em última instância desacreditam o partido que surgiu em Cabo Verde em nome do pluripartidarismo.
Escritor cabo-verdiano, Prémio Camões 2018
(Fonte: Diário de Notícias, In DN.PT

domingo, 16 de setembro de 2018

IAC-CBCS


Instituto Amilcar Cabral ( IAC )
Curso Básico de Ciências Sociais ( CBCS )
5ª matricula

1.       António Santiago Oliveira
2.       Armindo Lopes da Cruz dos Santos
3.       Artur de Pina Cardoso
4.       Emereciano Semedo Monteiro
5.       Francisco Tavares (desestiu)
6.       Inâcio Tavares
7.       José Jorge Dias
8.       Manuel da Lux Alves
9.       Marcelina David Delgado de Pina (Xau)
10.   Olavo de cruz Spencer
11.   Pedro Lopes Semedo (POP)
12.   Samuel José Barbosa
13.   Silvio Varela Moreira
14.   Ulisses da Ressureição A.Pereira
15.   Victor Rocha (desistiu)

23/01/1989



segunda-feira, 23 de abril de 2018

NHAVÃO HOMENAGEADO-SAPOMUSICA





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Parabenizamos a Sociedade Cabo-verdiana de Música que conseguiu marcar a diferença entre o que se tinha e o que será o futuro em relação aos direitos autorais. É importante poder compensar àqueles que criem e produzem a música que faz de Cabo Verde a grande nação crioula que é. O governo está a trabalhar para que a cobrança efectiva e contínua dos Direitos de Autor e Direitos Conexos se consolide e que seja a concretização daquilo que delineamos como a indústria da cultura. Todos que produzem e criem a cultura desta nação devem ser compensados, essencialmente por parte dos que usem a propriedade intelectual. Vamos reconhecer o autor e pagar os seus direitos.









SAPOMUSICA




Nhavão homenageado como o compositor cabo-verdiano mais velho em vida



O músico, compositor e intérprete boavistense, popularmente conhecido por Nhavão, foi homenageado na noite de domingo, na capital do país, aos 94 anos, na qualidade do compositor cabo-verdiano mais velho em vida.


Galardoado na Noite de Autores, iniciativa inédita no país, promovida pela Sociedade Cabo-verdiana de Música, Nhavão mostrou-se grato por ter sido reconhecido, por um lado, e, por outro, pelo facto de ter recebido os seus direitos autorais, pela primeira vez no país, 78 anos após a criação da sua primeira composição, a morna “Fusquinha”, tornada pública pela voz de Celina Pereira.
Nhavão classificou como “prestigiosa” este preito, sentindo-se honrado pelo reconhecimento, tendo louvado a iniciativa de se celebrar, pela primeira vez em Cabo Verde, o acontecimento.
Sublinhando o objetivo do evento de “glorificar a profissão de autor, criador e músico”, o galardoado considerou ser de extrema importância que os autores possam viver do seu trabalho de criação.
“Fico muito feliz em receber os primeiros direitos de autores aos 94 anos, algo que já não contava”, disse Nhavão, que pediu uma salva de palmas a todos os músicos de Cabo Verde para que a data seja devidamente comemorada pelos autores.
À Inforpress, por sua vez, o ministro da Cultura, considera que comemorar o Dia Mundial do Direito de Autor significa também celebrar os ganhos alcançados nos últimos dois anos, não só na alteração da nova lei dos direitos autorais, mas também a aprovação da lei das entidades gestoras.
Para Abrãao Vicente, o marco pode ser encarado como a celebração do empoderamento, pelo executivo , às sociedades gestoras, sublinhando que o governo transferiu no ano transato valores superiores a 10 mil contos entre as duas associações ligadas aos direitos autorais.
Afirmando que a ambição da sua equipa é ainda maior, o ministro parabenizou a Sociedade Cabo-verdiana de Música pelo trabalho que tem vindo a fazer através da cópia privada, de conexão com as entidades internacionais de forma com que consiga cobrar a nível mundial pelos direitos autorais.
Solange Cesarovna, presidente da Sociedade Cabo-verdiana de Música, explicou que esta descoberta é fruto de uma grande pesquisa dos musicólogos e investigadores na área da música desta organização, que contaram com “um grande contributo de Glaucia Nogueira”, de forma que o autor, aos 94 anos, possa ser homenageado e recompensado ainda em vida.